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Soluções criativas

21-10-2015
O relacionamento entre o Brasil e França supera o simples movimento de trocas comerciais.

Apesar da queda na corrente comercial entre os dois países, por causa da crise econômica, o interesse na conquista de novos nichos de mercado permanece em alta. Para superar o momento ruim, considerado transitório pelo empresariado francês, as empresas europeias marcham em busca de soluções criativas na formação de parcerias tecnológicas, investimentos em polos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e na busca de espaços em áreas promissoras, como o setor de seguros e a hotelaria.

 

Os números da balança comercial em 2015 não são dos mais animadores, bem distantes dos dias de glória registrados em 2012, quando a corrente de comércio alcançou a marca recorde de US$ 10 bilhões. Até setembro, as importações brasileiras atingiram US$ 1,804 bilhão, o que significa um recuo de 15,81% em relação ao mesmo período de 2014. Já as importações ficaram em US$ 3,342 bilhões, queda de 23,96%, números que certamente levarão a um resultado final inferior ao observado em 2014, quando o movimento ficou em US$ 8,618 bilhões.

 

Na série histórica, iniciada em 2000, o Brasil sempre apresentou déficit comercial em função da pauta de itens dos dois países - a França exporta 99% de produtos industrializados enquanto as remessas brasileiras são majoritariamente de produtos primários.

 

Para Mathias Fekl, ministro de COMÉRCIO EXTERIOR e Turismo da França, os números não causam apreensão. "Tenho total confiança na resiliência e capacidade de recuperação da economia brasileira, a qual permanece um mercado mundial de extrema importância." Com relação à economia francesa, Fekl afirmou que o ano de 2016 deverá ser marcado por uma retomada do crescimento. "Esses fatores nos permitem ter confiança na retomada das trocas comerciais bilaterais em 2016", disse Fekl, que esteve no Brasil na semana passada participando de encontros com empresários.

 

Do lado brasileiro, a interpretação é que o resultado declinante é fruto da queda dos preços internacionais das principais commodities exportadas, como farelo de soja (baixa de 23%) e minério de ferro (53%) associado ao desaquecimento do mercado interno, principalmente o setor industrial (em particular medicamentos e produtos químicos) e automotivo, que são fortes demandantes de peças vindas da França.

 

"A França é o 21º destino das exportações e esta posição vem se mantendo desde o ano passado. Ocorre que o país tem como característica o comércio interno junto à União Europeia, o que nos obriga a ter um conhecimento mais detalhado do mercado para identificar novas oportunidades", afirma Herlon Brandão, diretor do departamento de estatísticas de COMÉRCIO EXTERIOR do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e COMÉRCIO EXTERIOR (MDIC).

 

Com uma população de 65 milhões de habitantes e PIB per capita de US$ 40.374,53, a França é pouco explorada pelas empresas brasileiras - apenas cerca de 30 companhias mantêm escritórios ou filiais em território europeu.

 

De acordo com o Plano Nacional de Exportações 2015-2018, do MDIC, a participação brasileira nas importações globais francesas é de somente 0,6%. Segundo o estudo, há oportunidades de abrir mercados no campo de alimentos, bebidas e agronegócios (cacau, carne suína e frutas), máquinas e equipamentos automotores e produtos metalúrgicos. Os produtos com melhor performance no mercado francês são o suco concentrado de laranja (53,9% de participação), madeiras, cortiças e obras de trançaria (34,6%), minério de ferro (60,54%) e manganês (59,5%).

 

Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de COMÉRCIO EXTERIOR do Brasil (AEB), falta ao governo brasileiro mais empenho no desenvolvimento de iniciativas conjuntas entre os dois países. "O que ocorre são apenas ações pontuais. Ficamos dependentes das commodities e não buscamos novos nichos." O setor exportador, diz Castro, queixa-se da postura inerte do Mercosul, que não avança na formação de uma pauta conjunta e com isso impede acordos bilaterais que poderiam resultar em bons negócios junto à União Europeia.

 

Embora pontuais, algumas ações começam a ser postas em prática. Desde o início deste mês, 156 lojas da rede de supermercados Casino começaram a vender 40 tipos de alimentos e bebidas importados de 19 empresas brasileiras, tais como pão de queijo, paçoca, cachaça e chocotone. Os produtos também podem ser encontrados no site do Casino. A ação foi desenvolvida em conjunto pela rede francesa e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e deve durar um ano.

 

Já no Brasil, a desvalorização cambial deve permitir a entrada de novas empresas, de acordo com a expectativa de Benoît Trivulce, diretor da Business France, agência de fomento de novos negócios bilaterais. "O Brasil tornou-se mais acessível para empresas que queiram chegar com tecnologia e inovação, principalmente nas áreas de saúde, energia e novos combustíveis", afirma. Com aproximadamente 400 associados, a Business France promove cerca de 35 encontros setoriais anuais. "Cada encontro resulta em 30% de negócios ou parcerias", diz.

 

Na primeira quinzena do mês, a Câmara de Comércio Brasil-França organizou o 7º Fórum de Inovação e Tecnologia, que apresentou algumas das principais parcerias nesses campos entre os dois países. Entre os destaques do evento, estavam o satélite geoestacionário desenvolvido pela francesa Thales em parceria com a Embraer e a Telebrás, e o supercomputador projetado pela Atos Bull e montado em Petrópolis (RJ), capaz de realizar 1,1 quatrilhão de operações de soma e subtração por segundo. Segundo Sueli Lartigue, diretora-executiva da Câmara de Comércio Brasil-França (CCFB), o mercado brasileiro não é visto como um mero centro exportador. "As empresas francesas buscam competitividade e novas oportunidades em áreas ainda não devidamente exploradas", afirma.

 

Um exemplo foi a entrada do grupo segurador AXA, um dos maiores players mundiais, que adquiriu, no primeiro semestre a carteira de seguros de grandes riscos da Sul América. Segundo Philippe Jouvelot, presidente da AXA no Brasil, a intenção do grupo é operar em todas as modalidades, desde seguros populares até resseguros. Com um investimento inicial de R$ 500 milhões, a AXA pretende fechar o ano com um volume de R$ 400 milhões em prêmios atuando apenas nos ramos de vida e riscos elementares. Em 2016, a seguradora deve entrar no ramo de seguro patrimonial e, segundo Jouvelot, apresentar um produto inovador para a saúde, que será voltado para as camadas de baixa renda.

Fonte: VALOR ECONÔMICO -SP                                                                                                                                                                                                                                               


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